sexta-feira, 30 de julho de 2010

LESBIAM

wado / tarja preta-fafá


Lugar

Um lugar azul

Com mata e casebre e fogueira.

Um lugar perfeito

Iluminado, com rio e cachoeira.

Um lugar feliz

Onde tenha rede e chá de ervas.

Um lugar com noite larga,

Estelas a pigmentar o escuro...

Um lugar calado

Um lugar parado;

Mas que me traga o meu encontro comigo.

(Bruno Muniz)

sexta-feira, 16 de julho de 2010


PAGU

Bruno Muniz


Era muito tarde quando resolvi parar de beber. As ruas estavam vazias e o silêncio da madrugada congelava meus pensamentos.
Existia alguém que acabara de passar pela minha vida, existia uma menina como outra qualquer, existia um desejo temporário como todos os desejos, existia um prólogo que dava rumo a uma crônica outsider, existia passos como outros cambaleantes passos e uma imagem turva sexy, de um rosto sexy aprisionado dentro do céfalo eu.
Quando a noite se torna uma realidade pungente que digere o sorriso, e a sala nada oferece alem de programas chatos na tv, o que dizer aos instintos sentimentalizados por uma cabeça que não só se excita, como também descreve o lado cult de uma personalidade feminina?
O que dizer ao real se o mesmo vive fugindo?
Amor! Não, não existe. Atração visual, perversões, desejos inexplicáveis e sinceros, há, isso sim e com uma força justa e meio piegas, como todo visionário lírico e não pertencente das novas e chatas paixões de uma geração perdida.

quinta-feira, 15 de julho de 2010


O enleio



Passei a te encontrar nos lugares mais incertos

Num filme, em palavras...
Num personagem sem rosto e sem uma presença certa

Um tipo de lembrança constante

E confesso gostar demais de tudo isso.

Adentrar ou estar no seu mundo, me assusta.

Quando seus olhos me enfrentam

Todo o meu corpo te pede
Como o vento frio a me cortar a pele.

Amor e paixão têm seu tempo de vida
Tudo no mundo deixa de ser um dia
Então, se posso ou não te sentir, Sentir seu cheiro...
Porque não o fazer? Como não desejar este transe?

Queria te ganhar de forma inconsciente

Ah, se a base desse corpo, O interior dos seus segredos
Dissessem-me uma vez somente que eu te freqüento. Que eu te freqüento.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


Não sigo

Jamais

Serei um de vocês.

Jamais

Tomaremos um papo cabeça num barzinho desses.

Não gosto

De citar nomes como, Jung

Pois não gosto de fama no que escrevo.

Sou louco pelo anonimato

O anônimo me deixa ligado

Por isso evito as setas,

Os exemplos

Ou escrever por indicação.



  • CALL

Dentro de um quarto apagado,
O consolo para a saudade é música dos mutantes.
Escrever, para quem e-x-a-t-a-m-e-n-t-e?


Acho que
Só amo quando gozo
Ou
Quando tenho a pretensão de tentar o gozo.

O que exatamente amo?
Foi tanto amor a emergir no torpe,
Que o mundo inteiro aderiu ao golpe
O meu amor fez-se escravo do tempo
E se acabou sozinho dentro de um quarto.

terça-feira, 13 de julho de 2010


Acho


Sou seu, às vezes

Às vezes sou certo.

Me dou a um só devaneio

E se ouso ser fácil:

É pra você que me atiro no fim da festa.

(B. Muniz)

segunda-feira, 12 de julho de 2010




Terceiro olho



... O café amargo que me transformei


E que sutilmente se uniu a minha vida sem açúcar.



Ando a escutar as mesmas vozes


As músicas de sempre


Fumando cigarro para matar o tempo


E me sentido cada dia mais pelo avesso.



Queria mesmo era me esconder dento de mim


(Encontrar a árvore)


Desativar de vez a reação as coisas


Sentar-me no cais e molhar meus pés com todo o silêncio do lugar.