quarta-feira, 28 de abril de 2010



AZUL


Aqueles pretos olhos

Porto de porcelana

E os fios cortantes do cabelo ao rosto,

Quando sentido na minha pele excitada:

A pele tocada era entorpecente.

Aquele olhar doente e estranho

Cheios de becos mal iluminados,

De casas apagadas

E camas vazias.

Desejos que procuram os seus olhos.

Não me atrai o corpo

E sim o mundo submerso por essas águas de carvão.

Um olhar obscuro é de certa forma,

Uma presença indireta.

Como olhos cerrados,

Dia que termina,

Quarto apagado ou noite sem estrela.

Eram os olhos mais sem vida

A água que talvez

Fizesse-me molhar o rosto apenas

O fluido surreal cheio de maldades

Mas que goza e se revela numa flor de cor azul.



(Terei lembranças que você nunca saberá)