quinta-feira, 23 de agosto de 2012




O ressoar dos jardins suspensos

Utilizo-me do ultimo corpo, levo-me ao sal e a mão seleciono as dosagens típicas.
Vivo a assistir o céu me enganando em seu giro, diários.
Calado estive a observar suas sombras, além-distantes.
O ultimo beijo nos lábios de vidro. Frágeis como o cristal mais fino, cobertos por uma camada leve de Lápis lazúli.

Lá estávamos. Ela era sempre mais admirável ao sol, era uma mulher fantasmagórica, feita de um nebuloso instável, que se podia ver o outro lado, num observar sinistro do corpo de gás.
As noites de lua bebia o vinho que brotava em teu ventre; de encontro à suposta terceira dimensão de Sirius.

O amor era involuntário.

A percussão e os antigos violinos, a seda e o óleo de mirra...
Banhar-me... E unificai-vos os vossos corpos pela eternidade das existências do porvir.

terça-feira, 21 de agosto de 2012





A minha indiferença vem de uma força natural. Alheio, e livre da sensação de superioridade, caminho todos os dias em direção ao silêncio dos que vêem e escutam.
Por este motivo estou calado até agora. Pensando no que fazer para sair daqui o mais rápido possível.
‘’- Oi, boa tarde!
- Tenha um bom dia, até amanhã!’’
Uma vontade enorme de ficar em casa. Vontade de ver o mar...
[The cure, Fascination Street].

Ai dia! Que vontade de ficar na cama, vontade de dormir mais um pouco, vontade de voar.

terça-feira, 14 de agosto de 2012



Acostumado a ver pessoas entrando e saindo. Indo e vindo, tristes e silenciosas.
Depois da primeira morte, o silencio era de dar medo. Congelante.
Arrumei minhas coisas e fui morar nas montanhas, lá sim era o abismo mais lindo.
Tão lindo que acabou me levando embora.
Morri feliz e sozinho, agora não posso dizer onde estou, nem sei se deveria...

domingo, 12 de agosto de 2012





Outra hora

Depois que acendes o teu cigarro, tu apagas as aflições e silencia.
Depois do banho me preparo como se fosse mais uma vez ao teu encontro, levo o pente aos cabelos diante do espelho, tiro as marcas indesejáveis do rosto e mais uma vez...

Volto o pensamento pros teus olhos e me distancio sentado na cama.

O tênis e o asfalto noturno. Quem disse que à noite o caminho muda?
Confesso que vivi por um tempo, escravo desse teu sorriso.  Era ele quem me recebia naquelas velhas noites, de mãos dadas e um olhar saudável, não a coisa doente e triste do convívio forçado.
Lua. Beijos. VODKA.

Tua boca onde quer que esteja.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012



 ...

A minha melhor perversão é matar
O auge da loucura é o abandono.
Matar sem sangue,
Matar na distancia
Fazer o morto.

A minha melhor perversão é arrancar amores do peito
Como se arranca uma criança do ventre e a atira no mato
Para que ela morra á mercê dos últimos segundos.

Não creia na minha imagem
Escute apenas o sentido da hora
Observe como reajo
A suavidade com que sinto teu cheiro.

A perversão é também amor
O prazer é um fruto do bem
O desejo se manifesta sem véspera
E não como num filme elaborado por um olhar paralelo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012




O sono:
Oi, tem alguém aí?
Preciso de ajuda, estou com um corte no pescoço...
Helena, responde!!
Você deixou de existir... Meu deus... Apagada.

...
(Canal 8 saiu da sala!)



Em pé na calçada
A madrugada me ganha.
Escuto ísis e ela vem correndo nua
Escutem ela!
Ela não tem um belo canto?


Outra coisa: estou em casa
Na parede.
Sou uma chave antiga
Dormindo há uns 12 anos, com os olhos colados de tanto descansarem
Afinal, sou uma chave.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012




Onde está o corpo?
(ondas)
Estranho, esse silêncio...
De onde se encontra o desejado.
Onde está o corpo?

Em meio a muitas letras
Em fotografias antigas
Com o mesmo silencio de um corpo aflito
Agonizando pela tradição dos rumos.

No final das contas
Não há corpos.
Amores?
Só nas flores de quem as deixou em ‘’vida’’.